terça-feira, 14 de abril de 2009

Dias de Exílio

O direito do texto esta reservado a Marcelo Cajui

A ORIGEM DOS DESEJOS MORTOS

Meu pesar mais profundo
Deve-se ao próprio profundo
Começa
Naquilo que se encontra escondido
Por entre carnes e veias,
E que atinge aquilo que tem vísceras e lombrigas.
Este profundo,
partiu do já descrito acima.
Continuando,
O pesar segue nas descobertas que começam cedo
Nas primeiras desilusões,
Ainda jovens somos tirados do peito da pátria
E jogados na rua feito cachorros vadios.
Mais tarde descobrimos sozinhos o pesar,
Quando começamos a entender a morte
Dela segue outra desilusão:
– A da vida –
Aquela que engana
Que te torna o único ser vivo que sabe dela
E sobre ela (assim achamos).
Mais uma vez jogados somos,
Pois ninguém nos explicou sobre o que era ela
Porque eles mesmos também não sabiam.
Depois o que prossegue
[Talvez seja a busca para ver aquele visto acima
Que tentamos imitar abaixo]
Torna-se uma busca constante
Para substituir parte daquela dor sentida
Por algo mais ameno e que não cause morte.
Seguimos para a paixão
(Ela é que nem jogo de bicho:
Todo mundo acha que ganha
Mas no final
Os maiores ganhadores nunca vemos)
buscando o primeiro amor.
Nele vamos perdendo o próprio amor que nem conhecíamos sobre nós mesmos.
E PORFINOTRATO perdemos mais uma vez
Porque nem o que foi primeiro se tornou eterno vivendo aqui.
O homem não consegue ver que o amor é um ato substitutivo da própria dor.
Portanto a dor é amor
E amor é dor
Nada é eterno aqui
O eterno já morreu milhares de vezes
E de diversas formas
Em diversas sabedorias.
Depois tentamos insistentemente encontrar uma solução de alívio.
Como loteria
Novamente: vamos seguindo com nossas crenças enraizadas.
Daí resolvemos rezar;
Daí percebemos que parecemos mudos
E o receptor surdo;
Daí é outra morte:
Esta morte segue as outras já sentidas
Mesmo assim, ainda seguimos com a crença no conhecimento
imaginando ser o último salvador
Daí tentamos entender o livro,
Daí uns fingem que entendem,
Outros tantos fingem estudar
Como se fosse uma profissão;
Aí vemos que aquilo é impossível saber tudo
E temos a desilusão de ninguém nunca ter avisado
Que aquilo seria tão profundamente decepcionante.
E seguimos deste então
procurando a origem dos desejos mortos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito e ótimo para quem vai ler, você já conhece seus leitores, não é?

marcelo grejio cajui disse...

ah...
imagino um pouco :-).
agora leio em voz alta pra ouvir como fica, isso ajuda rs.

Anônimo disse...

entendi kra...