domingo, 16 de maio de 2010

Mineiro

Tudo que é feito na correria tem suas consequências.


Foi tudo muito rápido. De último instante resolvi que deveria ir até a bienal do livro de BH. Pois bem, trabalhei igual a um burro velho para que este objetivo fosse cumprido, e foi. Mas o único contratempo é que eu não estou em BH. Vim parar em Ouro Preto.

Não sei de quem foi o erro e nem tento me preocupar com isto agora sentado na cama do Hotel Boroni. O mais relevante é que a agente de viagens que eu contratei disse que Ouro Preto ficava a dez quilômetros de BH. Eu ignorante de mapas e geografia confiei que era verídica a informação. Pois não era. A distância entre uma cidade e a outra é de noventa e seis quilômetros. Segundo a Mariana, uma historiadora que conheci agora pouco no Bar e Pizzaria Satélite.

Já que havia acontecido este contratempo, resolvi não me indignar com a situação, simplesmente absorvi. Acabei de ler o e-mail da Gabriela, minha agente, dizendo que eu deveria ir ao Caesar não sei o que, e que realmente Ouro Preto ficava longe. Foi tarde, eu estava sentado na suíte do Boroni quando li.

Foi complicado chegar até aqui e não é agora que irei desistir. Vou com certeza à bienal, para isto vim até Minas. Às vezes me pergunto: será que valerá a pena? Esta pergunta é rapidamente suprimida por um palavrão, o Fo...

Foram duas semanas de preparação. Quando embarquei no Embraer da Azul, vi que realmente eu havia alcançado meu objetivo.

É ruim imaginar que estou com pouca grana e que parte desta pouca grana vou pagar R$21,00 para ir e R$21,00 para voltar ao pedaço que tem mais igrejas barrocas por metro quadrado que já vi em minha vida. Nem sei se existe algum lugar no mundo que tenha mais Igrejas do que nesta estrada real. Temos que levar em conta que apenas estou vendo uma das cidades históricas, e que cidade formidável.

Aqui eles também aderiram a lei anti-fumo. O engraçado é que criei o hábito de sair dos ambientes fechados para fumar meu veneno, meio que me condicionei a isto. Foi em um destes cigarros que conheci a Mariana e seus amigos acadêmicos, três cursam artes cênicas e um cursava música pela universidade federal daqui. Logo após ter trocado meia dúzia de frases com minha anfitriã momentânea eles me disseram que têm um projeto apoiado pela Vale.

Algo que é visível em Minas Gerais é o domínio da Vale do Rio Doce. Horas antes de sonhar em conhecer a trupe teatral, conheci um homem no trajeto da linha verde, construída por Aécio Neves. Ele trabalhava na Vale, um engenheiro mecânico (me desculpe meu amigo de viagem, esqueci seu nome, sei que é chato, mas peço que entenda meu lado). Passamos o trajeto do aeroporto de Confins até o aeroporto de Pampulhas discutindo sobre a vida e seus caminhos tortos. Na concepção dele (não tiro e nem coloco razões) a gestão de Aécio Neves foi a melhor que o seu estado (minas) teve na história. Vi o novo palácio do governo que ele me apresentou. Uma construção suntuosa. Passamos pela lagoa de pampulhas, segundo ele “um marco histórico da cidade”. Realmente é um lugar lindo. Nesta uma hora (o trajeto até onde ele desembarcou) tomei ciência de que aquele homem que sentou ao meu lado estudou dois anos na faculdade que eu me formei, o IMES em São Caetano do Sul, baita coincidência e, muito além disto ele havia namorado uma garota no Jardim Iguatemi (bairro vizinho ao meu). Pois bem... Horas depois conheci no satélite (a lanchonete) o grupo que me acompanhou durante duas rodadas de Brahma. Dois deles eram de São Paulo, uma (cuja qual sonharei esta noite) era do Butantã e o outro da Saúde – Jabaquara.

Tinha tudo para dar errado e no final cá estou eu escrevendo sobre esta viagem que nunca esquecerei. Aconteceu de tudo: a janela do meu quarto caiu com todo o peso da madeira em cima do meu dedo anelar; trabalhei até as três do mesmo dia que embarquei as nove; o hotel que era para eu estar não era este; estava bebendo sozinho na lanchonete e pizzaria Satélite, etc. e tal. No final, que ainda não houve, estou aqui há noventa e seis quilômetros de distância do meu destino com cem reais no bolso. Sinceramente nem ligo. Consegui o que procurava.

Tirei algumas fotos, amanhã acordo cedo para tirar mais.

Tão irônico quanto qualquer outra coisa é que estou de frente para a rodoviária local. Detalhe: tem dois quiosques, um de from para o outro e eles escutam as mesmas músicas que o boteco ao lado da minha casa coloca no último volume e me incomoda tanto.

Só sei que amanhã vou para BH e somente amanhã saberei como será o amanhã.

(sem correções, sem edição)


The Jam!!!!

6 comentários:

marcelo grejio cajui disse...

Who knows?

Cristiano Contreiras disse...

Adoro o conceito do teu espaço, Marcelo!

e obrigado por aparecer no meu blog, volte mais vezes...e espero estabelecer um contato melhor, ate

Anônimo disse...

SÓ NAS GERAIS EM KRA HEHEHE! SHOW!

Jeferson Cardoso disse...

Na primeira frase concordo com você. Agora, desviar-se do destino, perder-se e ir parar em Ouro Preto, não me parece algo de todo ruim, excetuando o evento da bienal que terá que esperar mais 2 para ter outra oportunidade. Ouro Preto é um ótimo lugar para se chegar ao errar o caminho, seja ele qual for, sem traumas. (sorrio). Mas triangulo mineiro?! Isso não é aqui em Uberaba, Uberlândia e Araguari? Amigo, outra coincidência é São Caetano, eu nasci lá, e não teria nada demais se não fosse o fato de eu estar teclando de minha casa, em Ituverava, interior nordeste do estado de São Paulo.
Cara, tudo vale a pena quando temos um blog para postar. Né não? (sorrio).
Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogsot.com .

Jeferson Cardoso disse...

Marcelo, de seu comentário em meu blog: é isso aí; devemos mesmo festejar as boas surpresas da vida. Amigo, espero que volte sempre. Grande abraço e obrigado por sua atenção!

Jefhcardoso

~*Rebeca*~ disse...

Marcelo,

Quase sempre esse tipo de viagem acaba bem, principalmente para um bom conversador como você. Teve uma viagem que Jota Cê e eu fizemos uma viagem que quase não acabou bem. Reservamos um hotel em Porto de Galinhas e foi a maior furada. Cheiro de mofo, cama dura e outras coisas. O que fizemos? Passamos o dia rodando atrás de outro e só demos sorte no final do dia. Esses agentes querem é vendem e o negócio é levar na esportiva.

Espero não perder contato, viu?

Rebeca

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